Considero nosso maior tesouro aquilo que temos de melhor, aquilo que as pessoas só conseguem enxergar quando nos vêem com clareza. Consequentemente são nossos tesouros que oferecemos aos outros em forma de atenção, consideração, apoio, companhia, respeito, carinho, paciência, compreensão, amor e até mesmo em um abraço, um olhar... nossa caixinha é tão valiosa que devemos guardar com carinho e ter o cuidado de só oferecer para quem quer e merece recebê-la.
Claro que durante a vida iremos dividir nossos tesouros com pessoas que não irão valorizar o suficiente, ou que sequer enxergarão. Viver não é nada fácil, é bem difícil para falar a verdade... as pessoas mudam, as situações mudam constantemente, a gente se empolga e se nega a enxergar aquilo que está diante de nossos narizes, a gente cisma que o caminho que estamos seguindo é o melhor e o único que queremos seguir, a gente faz burrada, cai, sofre, sente dor, ou seja, é inevitável que algumas vezes durante a vida a gente “doe” o que há de melhor em nós para pessoas erradas.
O problema dessas doações erradas é que quando passamos por situações difíceis naturalmente agimos defensivamente em situações que vem a seguir, e muitas vezes, nesses momentos, anulamos nossas melhores características por achar que isso nos ajudará de alguma forma... na verdade, lá no fundo, estamos apenas matando algo em nos mesmos, apenas dando a situação difícil ou pessoa que nos magoou muito mais importância que merecem, estamos apenas prolongando o momento ruim que passamos.
Estar no fundo do poço é uma dolorosa provação. Lá no vale de lágrimas poderemos optar por jogar tudo para cima, dar adeus ao que há de melhor em nós e ir a luta, enlouquecendo nos excessos da vida, descontando nos outros nossas frustrações e fazendo com quem surge aquilo que fizeram conosco. Faz bem, é divertido? Pode até ser, por um tempo, mas uma hora vai bater um vazio e vamos olhar para trás e ver o tanto de boas oportunidades que deixamos passar, o tanto de gente que magoamos, o tanto de nós mesmo que perdemos, e ficaremos mais infeliz que estávamos antes. O problema que causou tudo ainda estará lá dentro nos consumindo e, provavelmente, estaremos em meio a várias pessoas, mas ainda assim nos sentiremos sozinhos e perdidos, pois em algum momento do processo nos perdemos de nós mesmos.
Em momentos difíceis precisamos entender que o melhor a fazer é tentar manter a calma, avaliar a situação, reavaliar o nosso comportamento e o dos outros envolvidos, proteger o que temos de melhor, e aprendermos com os erros, enriquecendo ainda mais nossa caixinha. Viver o luto e morrer de chorar, em minha opinião, é bom e necessário, pois renascer das cinzas é sempre mais válido que atropelar as coisas, que enlouquecer e sair fazendo doideira para mascarar a dor.
É difícil botar isso em prática e dar a volta por cima sem medo de ser feliz? Claro que é, mas a vida não é fácil, nada nos vem de mão beijada, tudo é luta. E assim, dessa forma é que valorizamos não é mesmo?
Uma coisa tenho sempre comigo: Deus não nos deixa carregar uma cruz que não somos capaz de segurar. Mais que isso, Ele sabe o que faz, nos da escolhas para que possamos crescer, corrigir erros e evoluir espiritualmente... Ele faz hoje e vamos entender lá na frente, quando a vida dá a volta. Quantas vezes estivemos no abismo, desesperados por não aceitar que a vida não seria daquela forma que queríamos naquele momento e do nada aparece uma oportunidade, uma que a gente nem via como possibilidade, e tudo muda? Nessa horas eu, particularmente, penso “meu Deus, as coisas se resolveram de uma forma totalmente diferente do que eu queria e estou bem. “ Acho que acontece isso com todos que, ao menos, tentam respirar fundo e enfrentar as situações ruins ao invés de fugir delas, com todos que dão a si mesmos uma, duas, infinitas chances.
Portanto, caros amigos, vamos viver nossos lutos profundamente e depois que a tranqüilidade chegar em nossas almas, vamos levantar, remover as cinzas, nos agarrar em tudo que temos de melhor e seguir adiante, sem medo de sermos felizes. Se outro buraco surgir à frente, paciência... coloquemos em prática o que aprendemos com as experiências passadas e vejamos se temos como fugir dele. Se não conseguirmos, vamos respirar fundo e enfrentar o bicho de frente, pois quem ressurgiu das cinzas uma vez sempre será capaz de repetir o processo com sucesso e continuar a caminhar. Vai doer? Vai, claro, mas um pouco menos que da vez anterior. Se não perdemos de vista os nossos tesouros, de buraco em buraco chegaremos ao topo da montanha que queremos alcançar, muito mais fortes e mais preparados para enfrentar o que tiver de ser em nome dos momentos felizes que queremos viver.
09/10/2010
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