sábado, 11 de dezembro de 2010

Tão necessário....


... quanto respirar.


Em alguns momentos da vida as consequências dos nossos atos e escolhas batem a porta do nosso mundo particular... na verdade não batem, simplesmente invadem. Se não estivermos fortes e centrados o caos se instala.


Quando falo fortes e centrados, quero dizer, em equilíbrio. Não acredito em felicidade plena, acredito em equilíbrio, e viver em equilíbrio é viver em paz... e viver em paz é viver momentos bons e momentos ruins de forma passageira.... é ter um emprego estressante, mas que te dá prazer, é estar sozinho, mas viver bons momentos em boas companhias, é rir com sinceridade e chorar de vez em quando.


Quando não estamos em paz e o caos chega, ele se instala. Algumas pessoas tiram isso de letra... explodem com quem está perto por uns dias, tomam todas, se drogam, falam para si mesmas frases de livro de auto ajuda, ou seja, arrajam um jeito de sacodir a poeira e dar a volta por cima, mas outras, simplesmente perdem o trilho da vida. Para essas outras pessoas o caos se traduz em angustia profunda e constante... tão profunda que causa dor física. É sobre essas outras pessoas que estou falando.


Para elas, em meio ao caos, vem a necessidade de encontrar um ouvido, mas as vezes os ouvidos de quem está disposto a ouvir não é suficiênte... as vezes o ouvido de quem está disposto a ouvir cansa... e as vezes o ouvido está vivendo um momento de equilíbrio e o ser em caos não acha justo colocá-lo para baixo também.


Bem, na "falta" dos ouvidos, escrever em um "diário" ajuda. E quando o diário não é suficiênte existem as redes sociais, os blogs... incontáveis ouvidos estranhos, ou nem tanto, ouvindo o que o ser em caos tem a dizer... um perigo. Um perigo porque se expor para "estranhos" não é legal... grande parte dos ouvidos que estão do outro lado do pc não conhecem o ser em caos, a história dele, então, provavelmente não irão entendê-lo... poderão julgá-lo mal e alguns até poderão achar que o que é escrito é uma espécie de indireta, ou uma grande besteira... algum maluco reclamando da vida de barriga cheia...


De qualquer forma, alguns ouvidos amigos e ouvidos virtuais se manifestarão... em apoio ou quem sabe com indignação, para dar aquela balançada no "peso morto"... como o ser em caos reagirá às essas manifestações? Difícil dizer... alguns se sentirão bem, alguns se sentirão mais fortes, alguns se sentirão incompreendidos e até envergonhados.


Independente do estilo da manifestação e do resultado, logo o ser em caos estará, outra vez, procurando ouvidos, ou pedaços de papel para desabafar. Por que?! Eis a questão...


Falar, botar para fora, é a forma desesperada de tentar arrancar de dentro de si o que causa a angústia, a dor. Conseguir isso é tão necessário quanto respirar.


É o pedido de socorro, o pedido de um abraço de alguém que se importe.


11/12/2010


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Metades de mim...


"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que grito
Mas a outra metade é o silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda, ainda que triste...

...Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e paz que mereço
Que essa tensão que me corroi por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torno ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metede de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

... E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também."





08/12/2010